Antes eu não sabia nem o que era uma bateria, a não ser pela televisão. Eu sou autônomo, trabalho com vendas e como artesão na fabricação de instrumentos de percussão. O artesanato que eu pratico até hoje é devido à bateria. Como morava na Cachorra Magra, que é um celeiro, um reduto de artistas, um bairro muito cultural em matéria de samba, comecei a conhecer. Como eu lhe falei, a rua cheia de artistas que gostavam do samba e tal, surgiu um bloco chamado Porra da Cachorra. Era um grupozinho de percussionistas que tinha mais metais, tocava marchinhas. Isso em 1998. O presidente era o Paulo Brasil. Eu, como morador, ainda jovem, ia pra calçada ver a marchinha. Era muito bom, sempre acompanhava, todos os sábados. Aí eu fui olhando, gostando, gostando, pegando as amizades, quando foi em 2002 a Porra da Cachorra parou. A Marechal Deodoro ficou sem Carnaval pras famílias.
Então, a gente ficou pensando: “E aí, por que parou? O que vamos fazer? Rapaz, vamos fazer aqui um blocozinho pra gente continuar a brincadeira, é família, muito bom, todo mundo gosta.
Então, a gente ficou pensando: “E aí, por que parou? O que vamos fazer? Rapaz, vamos fazer aqui um blocozinho pra gente continuar a brincadeira, é família, muito bom, todo mundo gosta. Mas vamos fazer um estilo diferente? Não vamos colocar só marchinha, vamos fazer bateria! Vamos arrumar uns instrumentos”. Aí pega daqui, pega dali. Aquela coisa improvisada, que é muito bom. Improviso é muito bom, né? Aí começamos, 15 a 20 pessoas fazendo batucada na rua. Mas precisava de uma pessoa pra assumir as responsabilidades. Como a minha casa antes era a sede de outros blocos, como As Bruxas, que meu cunhado tomava conta, eu falei com a minha esposa. Porque a mulher é a dona da casa e ela é quem manda, né?! Eu disse: “minha filha, você aceita eu assumir a bateria como presidente, vai ter um trabalhozinho, você me ajudando numa coisa e outra?”. Ela disse: “assuma pra que a gente tenha nossa brincadeira”.